Conferir se o aquecedor a gás possui o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) é o primeiro passo para o cliente garantir sua segurança, segundo especialistas da única fabricante brasileira destes equipamentos, que fica em Mogi das Cruzes (SP).
O aparelho deve possuir alguns dispositivos de segurança. “Tem o sensor de chama, que corta imediatamente o fornecimento do gás, em caso de fogo, além de um outro sensor que coordena a temperatura interna dos aquecedores. Em caso de superaquecimento, o aparelho é desativado”, disse o gerente de marketing da empresa Leonardo de Abreu.
Ainda de acordo com o técnico, nada disso funciona se o aparelho não for instalado de forma correta. Um duto deve ser ligado ao aquecedor, e é através dele que o monóxido de carbono – resultado da queima do gás natural ou GLP – é levado para o lado de fora do imóvel. A instalação do duto é tão importante que é regulada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Infelizmente ainda há locais em que os aquecedores estão sem o duto. Isso geralmente é feito por pessoas não qualificadas”, afirmou o engenheiro elétrico Flávio Leite de Siqueira.
Segundo os técnicos, os aquecedores precisam ser instalados em locais com pouca circulação de pessoas, como área de serviço, por exemplo. Do lado de fora, a chaminé também deve ficar a 10 centímetros de distância da parede, para evitar que o monóxido de carbono retorne ao imóvel. Os especialistas afirmam que o monóxido não tem cheiro, é invisível e pode levar a morte caso se acumule em locais fechados.
“Tem o problema da má instalação dos aquecedores que, quando colocados em ambiente sem ventilação, podem consumir o oxigênio. Quando isso ocorre a pessoa também pode desmaiar e em seguida morrer”, destacou o capitão do 17º Grupamento do Corpo de Bombeiros, Denilson Ostroski.
O Corpo de Bombeiros informou que é responsável pela vistoria que analisa a estrutura dos aquecedores a gás que os prédios oferecem, mas que a responsabilidade do aparelho dentro dos apartamentos é de quem fez a instalação. O responsável pelo serviço, pode responder na justiça, em caso de acidentes. “Quando as construtoras executam uma obra, a referência é precária, elas só citam o lote, esquina e nós vamos confirmar se ela tem AVCB ou não”, disse o bombeiro.
No caso de Ferraz de Vasconcelos, onde uma família foi encontrada morta, ainda não há como afirmar se o vazamento de gás provocou os óbitos. Em nota, a construtora diz que o condomínio Jacarandá, onde as vítimas foram encontradas, o projeto foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros em abril do ano passado.
